ESTAMPA DE ABRAÇO 

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Com essa instalação abordo a experiência de um abraço. Partindo do princípio da monotipia, pintei o corpo nu de uma amiga que ainda com a tinta molhada sobre a pele me abraçou enquanto eu usava um vestido. O vestígio da tinta carimbada pelo corpo no tecido permanece como o índice daquele abraço.

O projeto surgiu após a morte da minha avó Isabel, quando selecionei um vestido que havia pertencido à ela para usar como suporte artístico. A escolha dos objetos e atitudes durante o processo de construção do Estampa de Abraço, foram fundamentais para a criação dos simbolismos que o permeiam.

A nudez durante o abraço transformou um ato corriqueiro em uma ação íntima. A corrente ligada ao cabide do qual pende o vestido, simboliza a união, um elo físico e espiritual. O cabide, objeto que serve para guardar roupas, nesse trabalho tem a função de resgatar e expor memórias. A tinta de cor vermelha remete ao sangue, à carne e ao amor. Ao lado do vestido exponho um registro fotográfico, autorretrato que documenta marcas deixadas pelo abraço, vistas de frente e de costas. Com essa fotografia enfatizo a carga indiciária do trabalho e o conduzo também ao conceito de lembrança. Já o vestido assume o papel de conector, revive essa experiência, acordando memórias daqueles que já experimentaram abraçar e ser abraçado.

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